O crescimento da geração distribuída de energia no Brasil tem sido notável, especialmente no segmento da energia solar, com uma expansão de instalações de 1 GW em 2019 para impressionantes 24.4 GW em 2023. Essa modalidade de geração de eletricidade ocorre na localização ou próximo ao ponto de consumo, diferenciando-se assim da geração centralizada, com a energia solar fotovoltaica sendo responsável por mais de 98% das instalações desse segmento no país. Este avanço reflete não apenas um desenvolvimento tecnológico, mas também uma transformação no perfil do consumidor brasileiro, cada vez mais ativo no mercado energético e interessado em estratégias sustentáveis.
A expansão da Geração Distribuída (GD) no Brasil tem sido impulsionada por diversos fatores, refletindo um crescimento robusto e sustentável no setor de energia renovável. Aqui, detalhamos algumas das principais contribuições e expectativas para o avanço da GD no país:
1. Investimentos e Impacto Econômico:O setor de energia solar no Brasil atraiu R$189,3 bilhões em novos investimentos, gerando mais de 1,1 milhão de empregos e contribuindo com R$51,6 bilhões para os cofres públicos. Comparativamente, o segmento de energia distribuída acumulou 26,8 GW de potência instalada, representando R$134,9 bilhões em investimentos e mais de 805,2 mil empregos. 2. Crescimento e Capacidade Instalada:Até março de 2023, a GD alcançou 18 GW de potência instalada no Brasil, com o segmento residencial respondendo por 4 GW dessa capacidade adicionada. A GD representa uma modalidade que permite a geração de energia elétrica local ou próxima ao ponto de consumo, majoritariamente utilizando tecnologia fotovoltaica solar, que responde por mais de 98% das instalações do segmento no país. 3. Projeções Futuras:Estima-se que o setor de GD investirá cerca de R$ 38 bilhões em 2023, com o objetivo de alcançar 26GW de potência gerada até o final do ano. O mercado brasileiro de energia solar espera atingir 25GW de capacidade instalada até 2030.
Benefícios da Geração Distribuída A Geração Distribuída (GD) oferece uma série de benefícios significativos que podem transformar o panorama energético do Brasil. Aqui estão alguns dos principais aspectos positivos dessa modalidade: Eficiência Energética e Redução de Custos – Redução de Perdas Elétricas: A GD minimiza as perdas elétricas que ocorrem devido à resistência nas linhas de transmissão, uma vez que a energia é gerada e consumida localmente. – Diminuição de Custos de Investimento: Com a GD, há uma redução na necessidade de investimentos em grandes linhas de transmissão e suas respectivas construções e manutenções, tornando o sistema energético mais econômico. – Economia nas Contas de Energia: Os sistemas de energia solar, especialmente os fotovoltaicos, oferecem uma redução de até 95% nos custos com eletricidade. – Valorização Imobiliária: Sistemas de energia solar não apenas economizam energia, mas também aumentam o valor dos imóveis, sendo vistos como modernos e inovadores. Impacto Ambiental Positivo – Redução de Emissões de Gases: A GD ajuda a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a dependência de combustíveis fósseis, contribuindo para uma economia de baixo carbono no Brasil. – Uso Sustentável de Recursos: A utilização de fontes de energia renováveis, como a solar, não emite gases ou produz resíduos, representando uma fonte limpa e sustentável de energia. Estímulo ao Desenvolvimento Local e Tecnológico – Criação de Empregos e Desenvolvimento Local: A GD estimula a economia local, criando empregos nas indústrias de energia renovável, manutenção e instalação. – Inovação Tecnológica: A GD encoraja a inovação tecnológica, aumentando a eficiência e sustentabilidade no setor energético. – Empoderamento dos Consumidores: Transformando consumidores em prossumidores, a GD permite que indivíduos produzam sua própria energia, reduzindo significativamente as despesas com eletricidade e aumentando a independência energética.
Desafios Atuais e Impacto nas Distribuidoras de Energia Os desafios enfrentados pelas distribuidoras de energia no Brasil, em meio ao crescimento da geração distribuída (GD), são multifacetados e exigem uma abordagem cuidadosa e integrada. Aqui estão alguns dos principais desafios identificados: Desafios Regulatórios e Burocráticos – Atualizações de Infraestrutura e Evolução Regulatória: A qualidade da infraestrutura de GD, como os inversores de energia solar, é crucial para a rede de distribuição de energia. No entanto, barreiras regulatórias e burocráticas dificultam a adoção da GD. – Falta de Incentivos Claros: A ausência de incentivos e regulamentações claras por parte do governo é um desafio significativo. A necessidade de balancear o estímulo ao desenvolvimento da GD com a garantia da confiabilidade e segurança do sistema de distribuição é essencial. – Interpretação Incorreta das Diretrizes: Muitas distribuidoras interpretam incorretamente as diretrizes, levando a práticas irregulares e a mais de 1GW em projetos paralisados devido a suspensões ou cancelamentos por concessionárias. Impacto na Estabilidade do Sistema – Resistência das Distribuidoras: Existe uma resistência significativa por parte das distribuidoras de energia em relação à GD, o que impacta a estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN). – Problemas de Tensão e Qualidade Elétrica: O problema de tensão é recorrente na distribuição, com pressão para atender aos requisitos da Resolução Normativa ANEEL Nº 871/2020, contribuindo para o aumento das medições de tensão permanente. A deterioração da qualidade da eletricidade é uma preocupação crescente em circuitos com maior penetração de GD. Desafios Operacionais e de Mercado – Compensação e Regulação de Tensão: O crescimento da GD traz desafios para os agentes de distribuição, incluindo a necessidade de novas estratégias de regulação de tensão e aumento das reclamações de clientes. – Perda de Demanda e Novos Modelos de Negócios: Há uma redução na demanda por eletricidade da rede, pois mais consumidores produzem parte ou toda a energia que consomem. Isso apresenta uma oportunidade para as distribuidoras explorarem novos modelos de negócios e serviços relacionados à GD, como instalação, manutenção e monitoramento de sistemas de energia renovável, além de soluções de armazenamento de energia. Esses desafios destacam a complexidade enfrentada pelo setor de distribuição de energia no Brasil devido ao crescimento da geração distribuída. É crucial um diálogo contínuo entre o setor público, o setor privado e a sociedade civil para abordar esses desafios e promover uma transição energética sustentável e eficiente.